Haicaipiras,
haicais tipo Pellegrini
e também zaicais, haicais
sobre a natureza humana

Sobre Haicais:
 Ø Artigo - Jóia Poética (link)
Ø Haicais de Pellegrini - Artigo de Luiz Cláudio Oliveira (link)
Ø Artigo - Poema ninja (link)

Livro autografado
R$ 30,00

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: internet

A maioria dos brasileiros é mestiça, como será a raça do futuro em todo o mundo. Até a antes chamada colônia japonesa tende a se extinguir, já que entre cada quatro jovens nikkeis, três se casam com outras etnias. Pensei nisso ao conversar com um cidadão mulato, que contou ter o avô destocado terra “a muque”, e que seu pai dizia viver “de teima”. (Os PCs, politicamente correto, condenam o termo “mulato”, por vir de mula, mas chamar como? Pardo? Meio-afrodescendente? “Moreno”? E porque será depreciativa uma palavra derivada de mula, esse animal tão trabalhador quanto inteligente e que não aceita maus tratos?). A foto é do compositor e violonista Tião Carrero, um dos tantos mulatos criadores da cultura brasileira.





#Haicai
#Haicaipira
#DomingosPellegrini
#Escritor
#poesia

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: internet

Este haicai, que encerra o livro Haicaipiras, é ali apresentado com o seguinte diálogo:
- Diga tudo em três palavras.
- É impossível, mestre!
- Viu? Você conseguiu!
Além dessa pregação da sucintez graciosa, esse haicai contém uma antítese entre resumo e sumo. Resumo, coisa do mundo pensante, redução de uma história ou descrição rápida seja do que for. Sumo, coisa do mundo vital das frutas, mas também remetendo a sumidade ou excelência, coisas já espirituais. Nesse pequeno novelo de conflitos, o sumo apresenta-se também embutido em re-sumo, como “ser” também, entretanto invertido: “res”-umo. Então o que aparentemente é receita de vida, no fundo é revelação de perplexidade: ser como, ser o que, para que, porque? Pois é. E nada melhor, para expressar isso, que essa imagem de Michael Jackson, que tanto se procurou e se desencontrou, foi tão essencialmente sumo, como artista, como pessoa porém se tornando resumo de si mesmo.



#Haicai
#Haicaipira
#DomingosPellegrini
#Escritor
#poesia

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira

Lá vem eles patamente, a se misturar andando e meio dançando como se comandados por um coreógrafo confuso. De vez em quando algum grasna, outro responde, como se um dissesse olha quem chegou, e o outro perguntasse: onde? Ali, grasna um terceiro, mas passam me ignorando e vão para a água, ficam deslizando pela lagoa. Formam uma família, um grupo, uma comunidade ou tudo isso junto?



domingo, 19 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira

Sempre me fascinou, na mitologia do faroeste que tanto consumimos no cinema, a figura do rastreador, capaz de examinar uma trilha e dizer o que passou por ali, quando e como. Não chego a tanto: meu foco são as folhas retalhadas de mudas de árvores, indicando ação das formigas cortadeiras, para quem deixo então iscas inseticidas. Elas levarão as iscas para o formigueiro, onde só elas consumirão e morrerão. Admiro formigas como exemplo de trabalho e cooperação, mas sei que, se deixar, liquidarão as mudas de nosso nascente pomar.

#Haicai
#Haicaipira
#DomingosPellegrini
#Escritor
#poesia

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: Dalva Vidotte

A graça pode estar na captura do óbvio. Neste haicaipira, há ainda quatro “que”, prosaica partícula da Língua praticamente expulsa da linguagem poética atual, depois da raspagem promovida pelo concretismo. Mas é isso que faz esse haicai bem falável, já que obviamente é uma conversa com as nuvens. Na paisagem mete-se o poste, sem nem passarinhos nos fios.




quarta-feira, 15 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: Dalva Vidotte

Dei com essas florezinhas numa trilha, pensei que fossem marias-sem-vergonha, Dalva disse que são beijinhos. Somos fãs de umas e outras, tão floridentes por todo canto, nascendo até em rachadura de muro e sempre a florir tanto. Aliás, o nome maria-sem-vergonha parece expressar uma certa inveja e até censura, como se florir fosse ruim e vergonhoso... Por nós, floresçam quanto quiserem, marias! Parabéns, beijinhos!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Caminhando com Branquinha, uma coruja sempre grita agudamente trepada num poste e, depois, dá rasante a lançar mais gritos, chegou até a agarrar o lombo da cachorra – que, esperta como só, agora passa rapidinho por ali. A coruja continua a lançar seus gritos estridentes, como a dizer que ali tem quem cuida dos filhotes, ninguém se atreva a procurar seu ninho no gramado, ela avançará se for preciso, fique gritantemente bem entendido.





sábado, 11 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: Dalva Vidotte

Mais uma foto de poente, dirá você, será que esse cara não consegue coisa melhor? Não, não consigo nada melhor que, na tardinha, olhar o sol, em paz comigo depois dos trabalhos do dia, sem nada a dever ao hoje ou ao ontem, nada a esperar do amanhã, apenas o momento, meu pedacinho da Eternidade.




quarta-feira, 1 de agosto de 2018

CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: Dalva Vidotte

Às vezes me vem o haicai, depois Dalva faz a foto, às vezes ela faz foto que traz haicai, como neste caso. Sem planejar fomos criando essa parceria. Este haicai, como geralmente são os haicaipiras, é tecido de intrincada sonoridade (árvore/pássaro, seca/sem/seiva, sem/porém, além das repetições – aliterâncias, diria o teórico – de “v” e “e”). Esse tecido sonoro deve estar porém a serviço de uma ideia que, com a foto, torna-se também visual. É a fenomenologia verbivocovisual, como diziam os concretistas? Não, é graça caipira mesmo...





CASA DO HAICAI

CASA DO HAICAI
Haicaipira
Foto: Dalva Vidotte

Aproveito esta foto de Dalva para falar do horizonte que aí aparece espremido entre a terra e a grande nuvem. Horizonte sempre foi símbolo de além, de meta a alcançar – e, apesar de parecer parado, é dinâmico, pois só fica parado para quem não caminha em sua direção. Símbolo, assim, tanto de contemplação quanto de ação.